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Governo federal gastou mais de R$ 1 mi para influenciadores defenderem tratamento precoce contra a Covid



Mais de R$ 1,3 milhão dos cofres do governo federal foram utilizados para pagar ações de marketing sobre a Covid-19 com influenciadores. O valor foi investido pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Comunicação (Secom) e inclui R$ 85,9 mil destinados ao cachê de 19 celebridades contratadas para divulgar estas campanhas em suas redes sociais. As informações são da Agência Pública.

O texto enviado pelo governo para servir de base para as postagens orientava os influenciadores a posar de maneiras diferentes, alguns com a máscara no rosto e álcool gel na mão, outros lavando a mão. Nem os textos básicos, nem as postagens analisadas pela reportagem, traziam menção ao uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina, que não tem eficácia comprovada. Porém, na própria campanha oficial sobre "atendimento precoce" veiculada nos sites do governo, os termos "atendimento" e "tratamento" se confundem.

Em janeiro deste ano, a Secom contratou quatro influenciadores que receberam um montante de R$ 23 mil para falar sobre "atendimento precoce". A verba saiu de um investimento total de R$ 19,9 milhões da campanha publicitária denominada "Cuidados Precoces COVID-19". O maior valor teria sido dado à ex-BBB Flávia Viana, que recebeu, sozinha, R$ 11,5 mil, segundo os documentos obtidos pela reportagem.

Com a repercussão da matéria, ela publicou uma nota em seu instagram. "Quando minha equipe foi procurada para fazer a publicidade, aceitamos, pois era para alertar as pessoas dos cuidados, lavar as mãos, máscaras, álcool em gel, ficarem atentas aos sintomas. Meu intuito foi de cuidado mesmo, sabe?! Apenas para informar mesmo e, sobre o dinheiro, apesar de já fazer meses, ainda não recebi esse dinheiro. Assim que for recebido, será doado para ajudar as pessoas afetadas pela Covid", prometeu Flávia. 

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A Secom também contratou os influenciadores João Zoli (747 mil seguidores), Jéssika Taynara (309 mil seguidores) e Pam Puertas (151 mil seguidores) para fazer um post no feed e seis stories — todos no Instagram — dizendo para os seguidores que, caso sentissem sintomas da Covid, era "importante que você procure imediatamente um médico e solicite um atendimento precoce".

Flávia Viana, que fez o seu post em 14 de janeiro, enquanto Manaus vivia o auge do colapso na rede hospitalar, recebeu quase 33 mil likes. Pam Puertas e Jessika Taynara fizeram seus posts nos dias 12 e 13 de janeiro, respectivamente, e a reportagem não encontrou no feed de João Zoli a postagem publicitária. 

O texto pelo qual os influenciadores deveriam se guiar para fazer seus posts dizia: "Hoje quero falar de um assunto importante, quero reforçar algumas formas de se prevenir do coronavírus. Vamos nos informar e buscar orientações em fontes confiáveis. Não vamos dar espaços para fake news. Com saúde não se brinca. Fiquem atentos! E, se identificar algum sintoma como dor de cabeça, febre, tosse, cansaço, perda de olfato ou paladar, #NãoEspere, procure um médico e solicite um atendimento precoce". O texto trazia, ainda, a recomendação do uso da máscara e higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel.

Em ofício enviado à Agência Pública, a Secom esclareceu que, do valor total, R$ 987,2 mil foram destinados à produção das peças, como filmes para TV, spot para rádio, vídeos e banners para internet e peças para mídia exterior. O valor restante (R$ 18,9 milhões) foi destinado à veiculação e divulgação do material produzido. Não há detalhamento dos gastos com ações de marketing de influência. Uma das peças de TV veiculadas em outubro focava na hashtag "NãoEspere", presente no texto-guia entregue aos influenciadores. As ações foram pensadas no bojo da campanha anunciada pela pasta no fim de setembro de 2020 para estimular o cuidado precoce.

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