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"Salvador é um celeiro do boxe, mas não tem apoio", diz Robson Conceição


De volta a Salvador após a polêmica luta contra Oscar Valdez, que manteve o cinturão do super-pena ao vencer por pontos em decisão contestada, Robson Conceição explicou o que passou na sua cabeça naquele momento e quais são os próximos passos. O baiano voltou a comentar sobre o sentimento de injustiça, a “sujeira” no boxe e a chance de uma revanche. 

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Além disso, ainda abordou a falta de investimento público na modalidade, que tem sido cobrança recorrente do campeão olímpico em 2016, e destacou o surgimento de novos talentos aqui em Salvador, considerada por ele um celeiro do boxe nacional.

Você voltou para Salvador e tem se encontrado com Hebert Conceição. Qual é a conversa entre os campeões olímpicos? 

A gente foi jantar, botar uns papos em dia só mesmo. A gente deu uma volta. Já somos amigos de muito antes da Olimpíada. A gente treina no mesmo lugar, que é a Academia Champion. Eu já acompanho os treinos dele desde que ele era novinho.


E tem outros meninos e meninas de talento surgindo?

Tem, sim. Tem bastante atleta que eu tô acompanhando surgir aí na Academia Champion. Não só na Academia Champion, mas Salvador inteira é um celeiro do boxe amador e profissional. Infelizmente, não tem investimento, apoio e incentivo necessário. O boxe da Bahia, costumamos falar, é a cúpula brasileira em termos de material humano, de quantidade e qualidade de atletas.


Recentemente você cobrou de novo o governador Rui Costa sobre o centro de treinamento de Boxe prometido por ele em 2016, e o governo anunciou a abertura de licitação do projeto. Agora sai do papel?

Eu só acredito vendo, mas isso já é uma grande notícia. Ver que as minhas cobranças estão sendo vistas, incomodando um pouco e estão retornando algo. Então, já é um passo, né? Melhor do que ficar na mesmice, sem saber notícia nenhuma. 


Qual a importância de um investimento como esse?

Com esse centro de treinamento, com mais apoio ao boxe, vamos estar resgatando jovens. Não só transformando em grandes atletas, como em grandes cidadãos. Eu tenho certeza que a tendência, com esse projeto é Salvador melhorar, porque vamos estar dando mais incentivo aos jovens que precisam imediatamente desse apoio e incentivo. Não é incentivo só para quem quer se tornar atleta profissional, é incentivo para todos os jovens que queiram melhorar a saúde, ocupar a mente de uma forma benéfica.


Sobre sua luta contra Valdez, você disse que fez uma preparação diferente, muito boa. Mas faltou alguma coisa? Faria algo diferente?

Preparação sempre pode melhorar, né? Mas eu creio que pra essa luta eu cheguei 100%. Lutei muito bem. Surpreendi muito, não só ele, mas o mundo inteiro do boxe. Os mexicanos, que são fãs dele, têm ele como ídolo, mandaram mais de 3 mil mensagens no meu celular. As pessoas falando que acreditam na minha vitória. Que eram fã de Valdez, mas que nessa luta ele não levou. Então, é gratificante. Toda essa preparação, dedicação… ficar longe de casa, das filhas, no aniversário da esposa… esse reconhecimento recompensa  e é uma motivação pra ficar firme, forte, de cabeça erguida. Tô com muita tranquilidade, assim como fiquei após a luta, com esse resultado muito injusto.


E na luta, você poderia ter buscado mais o nocaute?

Talvez sim, talvez não… até porque foi feita uma estratégia. Se você observar, os adversários anteriores que pararam pra trocação franca com ele foram levados a nocaute. Até porque ele é canhoto e luta como destro. Então, isso deixa a mão dele da frente um pouco mais forte que o normal. Isso dá uma vantagem pra ele nocautear os adversários. Eu estava completamente tranquilo na luta. Eu sabia, eu tinha consciência de que estava ganhando. Tanto que, no último round, Valdez, sabendo que ele estava perdendo, veio muito buscar o combate. E assim, de uma forma injusta, inusitada, ele conseguiu sair vitorioso.


Foi possível notar, ao terminar a luta, essa sua confiança de que estava ganhando. Sua equipe entrou no ringue para comemorar, você comemorou. O que passou na sua cabeça quando saiu o resultado?

Foi um momento de  muita surpresa, foi muito complicado. Mesmo assim, com aquela surpresa, continuei de mente tranquila, continuei sorrindo porque eu sabia que tinha sido o melhor naquele momento. Mas tem a decepção com o fato de você saber que fez tudo da forma correta e no final não teve o resultado favorável.


Um dos juízes disse que não conseguiu ver a luta direito e se guiou pelos gritos da torcida para tomar as decisões. O que você achou disso? 

Mostra a falta de profissionalismo dele. Não prestar atenção no que  está lá pra fazer e  se deixar levar pela torcida. Agora, eu me sinto esperançoso de que uma nova luta possa acontecer. Eu não espero que o resultado seja alterado, muito difícil isso acontecer. Eu espero que me deem mais uma chance de lutar com ele, e assim poder mostrar que eu fui o campeão de verdade.


Quando você disse que o boxe é ‘sujo’, é sobre isso ou também sofre o fato de Valdez ter lutado mesmo sendo flagrado no exame antidoping?

Sobre o geral. Sobre esses resultados injustos. Sobre a pontuação. No nono round, o árbitro tirou um ponto meu porque eu chamei a atenção de Valdez, dando um simples toque. Meti um ‘toquinho’ na cabeça dele e perdi ponto. Quem viu a luta sabe que depois eu tomei dois golpes muito fortes na nuca, abaixo da cintura também, e o árbitro apenas chamou atenção dele. Não tirou ponto. Então, já tá nisso aí a máfia. Ele ter lutado sendo pego no doping duas vezes. Se ia liberar, pra que fazer tantos exames? Toda semana eu fazia um exame.  Tudo é parte da máfia.

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