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Ministério da Saúde libera cloroquina a partir de casos leves de covid-19



Diante da recusa de dois ministros da Saúde, que optaram por pedir demissão para não assinar o documento, coube ao general Eduardo Pazuello, que assumiu a pasta de forma interina, liberar a cloroquina no Sistema Único de Saúde (SUS) para todos os pacientes, já a partir de casos leves. Em documento divulgado nesta quarta-feira (20) com o novo protocolo, o ministério recomenda a prescrição do medicamento desde os primeiros sinais apresentados.

A mudança no protocolo era um desejo do presidente Jair Bolsonaro, defensor da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. Não há comprovação científica de que a cloroquina é capaz de curar a covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no remédio e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda o uso.

O novo protocolo mantém a necessidade de o paciente autorizar o uso da medicação e de o médico decidir sobre a aplicar ou não o remédio.

O termo de consentimento, que deve ser assinado pelo paciente, ressalta que "não existe garantia de resultados positivos" que "não há estudos demonstrando benefícios clínicos".

O documento afirma ainda que o paciente deve saber que a cloroquina pode causar efeitos colaterais que podem levar à "disfunção grave de órgãos, ao prolongamento da internação, à incapacidade temporária ou permanente, e até ao óbito".

O protocolo da cloroquina foi motivo de atrito entre Bolsonaro e os últimos dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Em menos de um mês, os dois deixaram o governo. O novo ministro da Saúde ainda não foi anunciado.

Estudos
A cloroquina e a hidroxicloroquina são usadas há anos no tratamento da malária e de algumas doenças reumáticas, como artrite reumatoide e lúpus.

Logo depois do início da pandemia do novo coronavírus, a substância começou a ser testada, mas até agora a maior parte dos testes apontam ineficácia e riscos de aumento de casos cardíacos nos pacientes.

Uma das principais pesquisas sobre o assunto foi publicada este mês na revista científica “Jama” (“Journal of the American Medical Association”).

O estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Albany (EUA) não encontrou relação entre o uso do medicamento e a redução da mortalidade pela doença. Foram analisados 1.438 pacientes que tinham coronavírus, em 25 hospitais de Nova York.

A taxa de mortalidade dos pacientes tratados com hidroxicloroquina ficou similar à dos que não tomaram o medicamento, assim como à das pessoas que receberam hidroxicloroquina combinada com o antibiótico azitromicina.

Além disso, os pacientes que tomaram a combinação de medicamentos tiveram duas vezes mais chances de sofrer parada cardíaca. Problemas cardíacos são um efeito colateral conhecido da hidroxicloroquina.

Outra pesquisa sobre o tratamento com hidroxicloroquina, publicada na revista britânica "The New England Journal of Medicine", também chegou a conclusão parecida. 

O estudo, feito no Presbyterian Hospital, em Nova York, não encontrou evidências de que a droga tenha reduzido o risco de intubação ou de morte pela Covid-19.

Foram analisados pacientes em quadros moderados a graves. Entre 1.376 pessoas acompanhadas, pacientes com e sem o tratamento com a droga apresentaram o mesmo risco de uma piora, necessidade de intubação e de morte.

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