Banidos de gigantes tradicionais como Facebook e Twitter inflam a Gab, fundada nos Estados Unidos em 2016

Apesar do crescimento da nova plataforma, redes tradicionais ainda são as que mais atraem os brasileiros, sobretudo o WhatsApp. A pesquisadora Luiza Bandeira disse que uma das poucas coisas que se sabem sobre o aplicativo é que ele conta com mais de 120 milhões de usuários. “Tentar entender o tamanho do WhatsApp é a grande questão”, disse ela, lembrando que a dimensão dos grupos e o rastreamento de números se mantêm fora do alcance de terceiros. Ela lembrou que campanhas de desinformação e discursos de ódio não são inerentes ao WhatsApp ou ao Facebook. “O problema que está acontecendo não é das redes sociais. É uma questão muito mais da sociedade”, avaliou.
A expressão resiliência digital é pouco comum e pode soar restrita ao mundo virtual, mas, em tempos de fake news, assume um protagonismo crescente na disputa eleitoral. Para explicar a relevância do conceito e seus efeitos nas três das maiores democracias latino-americanas – Brasil, Colômbia e México – contra campanhas de desinformação, Roberta Braga, diretora associada da Atlantic Council, e Luiza Bandeira, assistente de pesquisa da instituição, se reuniram na quinta-feira (25) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
À semelhança do Brasil, por lá as notícias falsas se espalharam na esteira da polarização política entre alas tidas como progressistas e conservadoras. O uso de bots – softwares programados para simular ações humanas, prática muito observada no México – era pouco comum. No lugar disso, havia uma mobilização de pessoas engajadas em difundir notícias que, a seus olhos, eram verdadeiras. Foi durante o segundo turno que uma das principais campanhas de desinformação começou a ganhar corpo na Colômbia.
Na ocasião, muitas pessoas foram às redes sociais alertar que seus votos haviam sofrido supostas alterações para favorecer Duque. As informações, porém, revelaram-se falsas. “Mas a preocupação sobre fraude eleitoral aumentou muito no país depois disso. Criou-se um pânico parecido ao que vimos aqui no Brasil”, afirmou Braga. Nesse caso, houve a clara intenção de gerar engano e pôr a legitimidade das eleições em dúvida. Mas, por vezes, muitos acabam compartilhando notícias falsas sem perceber que são inverdades. Para evitar isso, Braga disse ser preciso fortalecer o letramento digital da população, isto é, a capacidade de interpretar de forma crítica informações encontradas na internet.
Ao comparar o Brasil com os Estados Unidos, Bandeira disse que a motivação de veículos propagadores de notícias falsas nos dois países normalmente não é a mesma. “Nos Estados Unidos, a gente sabe que a motivação era o lucro. Havia uma motivação de conseguir muitos cliques pelo Facebook para ter anúncios pagos. No Brasil, pelo menos neste debate específico, a gente vê mais uma motivação política. A motivação por trás é influenciar o voto.”
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