A ministra afirma que os abusos começaram aos seis anos de idade
futura ministra de Mulheres, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, concedeu uma entrevista ao site Universa e falou sobre os diversos estupros que sofreu ainda na infância. Na conversa, Damares deu prioridade às experiências traumáticas que viveu e motivos psíquicos. Na maioria das vezes, ela sofria ameaças e o agressor fazia com que ela se sentisse culpada pelos abusos.
“O primeiro abusador foi às vias de fato. Fui estuprada por dois anos. Ele dizia que eu era ‘enxerida’, que a culpa era minha e que, se falasse, meu pai morreria”, diz a futura ministra. O segundo, que a machucou quatro vezes, em uma delas, ejaculou em seu rosto. “Falar sobre isso me dói. Me expor custa demais. Mas entendo que preciso passar a mensagem de que sobrevivi”.
A futura ministra diz que foi constantemente violentada por dois pastores da igreja em que ela e a família frequentavam. Aos 10 anos, ela pensou em se matar e subiu em um pé de goiaba com um saquinho de veneno de rato em mãos. Desistiu ao ter a sensação de “ter visto Jesus Cristo”.
“Da primeira vez, foi um missionário da igreja evangélica que frequentávamos na época, em Aracaju (SE). Ele foi enviado de uma outra igreja para a minha cidade e ficou hospedado na minha casa. Chamo ele de ‘falso pastor’ porque era um pedófilo fingindo ser pastor. Ele foi às vias de fato comigo. Eu falo abuso, mas foi estupro. Foram várias vezes em um período de dois anos”, disse.
E continua, citando detalhes desde quando começou a sofrer os abusos. “Começou quando eu tinha seis anos e a última vez que o vi [o pastor] estava com oito. Uma das cenas que lembro bem é quando dormindo no meu quarto, que era ao lado do de meus pais. Estava sonhando que segurava uma coisa quente e, quando, abri os olhos, estava segurando o pênis desse homem. Senti pavor, medo e dor”, acrescenta.
Somente aos 24 anos, Damares viu a justiça ser feita. Ela recorda que com essa idade viu a foto do abusador estampada em um jornal e a informação que ela havia sido preso. Ela não sabe dizer exatamente como os pais descobriram o caso, mas lembra que em determinado momento o suspeito desapareceu da vida da sua família, provavelmente quando foi descoberto.
Sobre os meios de proteger uma criança, a futura ministra defende a educação social e afirma que fará uma proposta sobre o assunto ao Ministério da Educação.
Sou a favor da educação sexual. Vou conversar com o Ministério da Educação sobre isso. A escola vai ter que ter um papel importante para combater abusos contra crianças. A primeira ideia é capacitar professores para identificar violências contra os alunos. Mas é preciso respeitar as especificidades de cada idade. E a família deve ser ouvida e consultada. Se a família não quiser que o filho aprenda sobre o assunto, vai ser responsabilizada por isso, conclui.
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