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Ex-coordenador do Consórcio do Nordeste projeta 500 mil mortes até o meio do ano caso país não adote lockdown


 

Neurocientista e professor da Universidade Duke (EUA), Miguel Nicolelis tem sido um dos mais ativos cientistas a manfistarem a preocupação com a situação atual e futura do Brasil, diante da escalada de casos e mortes por Covid-19.

Segundo o pesquisador, que fez parte do Consórcio do Nordeste mas optou por sair justamente por defender um lockdown de verdade na região como forma de impedir o avanço da doença, o país pode chegar a triste marca de 500 mil mortos na metade de 2021.

Com quase 3 mil mortos por dia, Nicolelis associa o caos às eleições municipais em novembro, além dos festejos de fim de ano e também o carnaval, como causa principal da nova onda.

"A explosão de forma sincronizada em todo o Brasil é decorrente das eleições (municipais, em novembro) e das aberturas indiscriminadas. Com as festas natalinas e o carnaval, explodiu de vez. Como medidas mais rígidas não aconteceram, infelizmente as previsões se concretizaram, e chegamos a um colapso. Hoje é difícil prever qual vai ser a taxa de óbitos daqui a duas, três semanas. A gente não consegue ver limite ou pico", explicou Nicolelis em entrevista ao Globo, publicada neste sábado (20).

O médico também tem defendido constantemente a suspensão imediata das partidas de futebol. 

Nicolelis explica que é preciso um lockdown a nível nacional, para tentar frear o espalhamento do vírus pelos diferentes estados brasileiros.

"No Reino Unido, em dezembro, o comitê científico disse que em 12 dias o sistema hospitalar ia colapsar. O primeiro-ministro fechou o país. Hoje, a Inglaterra anunciou que teve a menor taxa de transmissão, óbitos e internações desde setembro. Porque fez o que tinha que fazer. Não teve lero-lero [...] É duro dizer isso, mas vai piorar muito se não fizermos nada. E tem que ser a nível nacional, com medidas sincronizadas. Não adianta fechar um estado e deixar o resto aberto porque o vírus está em todo lugar, se espalha pelas rodovias, pelos aeroportos. Vamos chegar a 300 mil óbitos com uma rapidez impressionante. Podemos chegar a 500 mil na metade do ano, no meio do inverno", projeta.

Além do risco de colapso do sitema funerário, como já acontece em algumas cidades brasileiras, Nicolelis diz que a falta de cuidado do Brasil pode impactar em todo o mundo, com o surgimento de novas variantes que passem pelas fronteiras e cheguem a outros países.

"O Brasil precisa de ajuda. Pedimos aos países amigos com excedente de vacinas, mas o que os governos desses países falam publicamente e reservadamente é que não tem um interlocutor. Não somos um país pária, somos um país radioativo. O Brasil não é um problema só dos brasileiros, é um problema do mundo. Se não controlarmos a pandemia, nossas fronteiras são porosas, as variantes daqui vão escapar, e o mundo sabe disso", alerta.

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