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Rui volta a pedir paciência sobre Carnaval, liga alerta sobre ômicron e diz que recebeu pedidos no "zap" durante pior momento da pandemia


Após o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), indicar na segunda-feira (29/11) que aguarda uma audiência com o governador da Bahia, Rui Costa (PT), para tratar sobre o Carnaval, o petista voltou a pregar cautela sobre a festa. Agora, para ele, é momento de voltar as forças para combater a possibilidade da variante ômicron da Covid-19. 

“Nós assistimos de forma apreensiva a nova variante, que surgiu na África do Sul. O mundo inteiro vem tomando diversas medidas e, portanto, essa é minha maior preocupação hoje”, disse nesta terça-feira (30/11), em entrevista à Rádio Sociedade da Bahia.

Rui admitiu a importância da folia, no momento em que vem sendo pressionado para liberar a folia, sobretudo na capital baiana. “Reconheço a atividade do Carnaval como atividade social e cultural importantíssima. Reconheço a legitimidade de quem é empresário e de quem é investidor do Carnaval, que está ansioso pela decisão”, ponderou. 

 

“Gosto de colocar minha cabeça no travesseiro como governador da Bahia e ter consciência que fiz tudo que pude para salvar vidas humanas”, acrescentou.

Rui, contudo, se mostrou incomodado sobre as perguntas, neste momento, em relação à festa. “Eu fico perplexo quando a pergunta que tenho que responder é se vai ter ou não Carnaval, e não quando nós não teremos nenhum ser humano na UTI correndo risco de morrer. Nesse ambiente não decidirei sob pressão. Estamos avaliando a situação no mundo e na Bahia”, reclamou.

Ele ainda reagiu aos questionamentos que associam o Carnaval ao público nos estádios e em shows privados – a questão foi tema de debate entre o secretário de Saúde de Salvador (SMS), Leo Prates, e o ex-titular da Sesab, Fábio Vilas-Boas.

 

“Muita gente tem comparado: 'tem público nos estádios'. Uma coisa é ter 20 ou 30 mil pessoas sentadas. Outra coisa é 3 milhões de pessoas juntas, bebendo, namorando. Todo mundo sabe como é Carnaval. Não vou ficar aqui explicando. Decidir nesse ambiente seria uma extrema irresponsabilidade com a vida das pessoas, com a sociedade da Bahia. Seria jogar todo o esforço fora”, rebateu.

O petista ainda desabafou sobre as dificuldades que a pandemia exigiu do cargo. Ele relembra que, em março deste ano, não havia leitos de UTI para todos os infectados de forma grave com o novo coronavírus. 

“Se você me perguntar qual foi o momento mais difícil do meu governo, vou lhe responder que foi em março desse ano, quando chegamos a ter 2.200 pessoas em condição de leito de UTI [...] Então, não tem nada mais desesperador para um pai e uma mãe de família, para um governador que é pai de quatro filhos, receber no 'zap' pedidos de mãe e de filho, saber que tem pessoas sofrendo, e não conseguir salvar as vidas de todas as pessoas”, desabafou.

 

Na última segunda, Bruno Reis anunciou o cancelamento do Festival Virada Salvador, a tradicional festa de Réveillon da capital, que ocorre na Boca do Rio. O anúncio se deu por conta da insegurança com o momento da pandemia, segundo o democrata. 

Até o momento, o Brasil não registrou nenhum caso da variante inicialmente registrada na África do Sul. Temeroso com a situação, o país restringiu temporariamente voos vindos de países do continente africano. 

Enquanto em solo brasileiro não há detecção de pessoas infectadas com a ômicron, ao menos 17 países já registraram casos da nova cepa até a última segunda-feira. Destes, 11 ficam na Europa – o continente já convivia com uma quarta onda da Covid-19 -. 

Mesmo sem apresentar casos da variante, a Bahia vem constatando alta nos números da Covid-19. Atualmente, segundo dados disponibilizados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), há 3.004 ativos – segundo Rui, há cerca de 900 a mais que o registrado no último mês. Os leitos de UTI adulto, que balizam o planejamento sobre restrições ou flexibilizações, estão 40% ocupados. A maior ocupação está nos leitos pediátricos de terapia intensiva: 69%. 

 

PRESSÃO PELO CARNAVAL

Bruno vem defendendo a realização do evento, e indicou que a Prefeitura já vem organizando os detalhes para realizá-lo. Uma comissão da Câmara de Vereadores sugeriu que o prefeito e o governador anunciassem até o dia 15 se haveria ou não a festa. A sugestão não foi bem recebida por Rui, que retrucou e disse que “não aceitaria ultimado de ninguém”.

Enquanto isto, artistas e entidades carnavalescas vêm pressionando para que haja o Carnaval no próximo ano. Membros do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) e da Associação dos Profissionais de Evento (Ape) realizaram uma manifestação no último dia 21 no Farol da Barra. Nas redes sociais, cantores como Léo Santana e Igor Kannário também defendem a realização da folia momesca.

 

Apesar dos defensores, há artistas que preferem ponderar a situação. O cantor Gilberto Gil não vai organizar o Expresso 2222 no próximo ano. O camarote é um dos mais tradicionais do Circuito Barra/Ondina. A informação foi divulgada na última quarta-feira (24/11) pela a esposa dele, Flora Gil. 

“A pandemia ainda não acabou. A aglomeração é um multiplicador do vírus e o Carnaval é uma aglomeração extraordinária. Tenho receio de produzir uma festa tão grande com duração de uma semana, como o Camarote Expresso 2222, e cooperar com a permanência, e até uma expansão, da pandemia. Tenho muito respeito pela minha vida e a vida alheia”, disse, em entrevista ao Correio.

Com a resistência de Rui, Bruno chegou a mudar o discurso e admitir que a festa pode ser adiada e organizada para outro mês que não fevereiro.

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