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'Resposta será dada', diz delegada após paredão ao lado de delegacia ter 10 baleados

Ataque teria sido motivado por disputa entre traficantes de Tancredo Neves e Sussuarana


Policiais civis e militares já estão nas ruas a procura dos autores de uma tentativa de chacina no bairro de Tancredo Neves, em Salvador, na noite desta sexta-feira (3). Ocorria uma festa do tipo 'paredão' quando homens chegaram disparando. Ao menos 10 pessoas foram baleadas, incluindo três crianças.

A festa era uma celebração ao aniversário de um morador da rua 24 de Março, onde aconteceram os disparos. A delegada Andréa Ribeiro diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa diz que as equipes estão atuando em 'muitas frentes' para realizar as prisões.

"A resposta está sendo dada hoje pelas equipes da Polícia Civil e também da Polícia Militar, são muitas frentes que buscam alcançar os resultados", revelou em entrevista coletiva.

A delegada também confirma que a principal linha de investigação do momento trata o caso como uma disputa entre traficantes. O ataque teria sido feito por um criminoso que atua em Sussuarana contra membros da facção que controla Tancredo Neves.

"As informações coadunam com esse recorte dado pela Polícia Militar, mas estamos trabalhando no sentido de investigar porque a Polícia Civil precisa provar aquilo que a gente traz nos autos do inquérito", ressalta.

A polícia também tenta descobrir quais eram os convidados da festa e se o aniversariante era envolvido com a criminalidade. "Estamos com as nossas equipes em campo buscando aprofundar os dados, para saber quem são as vítimas, quem são as pessoas, se têm entrada policial, uma busca mais aprofundada", conta a delegada.

Crime

Segundo testemunhas, o local estava cheio de gente e de carros, quando quatro homens em duas motos chegaram atirando na via, localizada ao lado da 11ª Delegacia. 

“Falta de respeito. A delegacia é que do lado, um absurdo. Uns 20 passos e a gente está nela. A verdade é que eles (bandidos) não têm medo”, declarou a moradora, que pediu para não ser identificada. “Acordei doida com os tiros. Na hora, pensei que a minha casa estava caindo. Só depois que a ficha caiu que a bala comia no centro. Foi uma chuva de tiros que nunca vi igual e as pessoas gritando, gente chorando, foi terrível”, contou ela. 

De acordo com as testemunhas, entre os 10 baleados, estão três moradores e três crianças. “Todos atingidos não entram em nada, a maioria nem mora aqui. São todos inocentes”, declarou um rapaz, que contou que o paredão era a comemoração do aniversário de uma das pessoas da região, mas ele não quis revelar o nome.  

Além dos feridos, vários carros foram atingidos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a ação foi um ataque a tiros de traficantes em área de rival e disse ainda que a policiamento foi reforçado no bairro. 

Tiros

A Rua 24 de Março é mão-dupla e é margeada por casas, bares e outros pontos comerciais. O paredão de aniversário começou às 19h de sexta e meia hora depois a via estava tomada de gente, que curtia as batidas do equipamento de som de um único carro.  “Quando foi lá para 11h (23h) só escutei os pipocos. As pessoas correndo, tentando entrar nas casas, algumas, sem conseguir, se jogaram no chão. Foi muito tiro. O pessoal conta que eles (criminosos) chegaram juntos no início da rua e desceram atirando. Foi um desespero só”, relatou uma outra senhora. "Antes de saírem, cataram as balas para não ter pistas, mas este aqui ficou no chão", emendou uma outra senhora, exibindo um cartucho de uma pistola 9 milímetros. 

As vítimas foram socorridas pelas próprias pessoas que estavam no local. Algumas foram levadas para a UPA de Tancredo Neves, que fica em frente à 11ª DP. Outras, deram entrada no Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula. Os casos mais complexos, segundo ainda as testemunhas, foram direito para o Hospital Geral do Estado. Pelos menos três dos 10 feridos já tiveram alta.

Na manhã deste sábado, parentes do comerciante Tailan Pereira Lopes, 26, uma das vítimas, deixavam a rua com o destino ao HGE. “Ele está com a bala alojada no braço, mas está bem”, disse a mãe do rapaz, que tem um depósito de bebidas no local. “Ele montou um ponto e estava trabalhando, vendendo, quando os tiros começaram. Não tenho detalhes do ocorrido, porque ainda não conversei com ele, mas todos estavam numa festa de aniversário de um amigo", disse ela, sem dar mais detalhes. 

O susto foi grande, proporcional ao medo de alguns moradores que tiveram seus carros atingidos pelos tiros. "Todo mundo aí está no prejuízo. Eles não estavam na festa, não concordam com o paredão e, mesmo dentro de suas casas, foram prejudicados. Eles não querem falar porque têm medo, mas alguns deles disseram que vão sair daqui", relatou uma senhora.

Polícia

Em nota, a Polícia Militar informou que por volta das 22h40 de sexta-feira (3), policiais militares da 23ª CIPM foram informados de que 10 pessoas haviam dado entrada em unidades de saúde de regiões próximas após serem baleadas. "A informação foi confirmada pelas guarnições, que, com o apoio da CIPT Rondesp Central e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), intensificaram as ações de policiamento na localidade e efetuaram rondas", diz a nota.

Após rondas, os policiais trocaram tiros com suspeitos e apreenderam um colete antibalístico, 75 porções de maconha, uma porção de crack, uma maquineta de cartão, uma balança de precisão e pinos vazios para acondicionamento e comercialização de cocaína. Nenhum suspeito foi preso. O policiamento foi reforçado no bairro.

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