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Aqui não passa: em 9 dias, PM destrói barricadas de traficantes em 4 pontos de Salvador


Barreiras foram localizadas em Tancredo Neves, Arenoso e Cabula

Paredes de tijolos, vigas de concreto, tonéis e até móveis e entulhos. Seja qual for o material, a principal função é impedir o acesso da polícia e dos rivais. As “barricadas” em Salvador se tornaram um dos traços mais visíveis do crime organizado. Em apenas nove dias neste mês de abril, a Polícia Militar destruiu obstáculos erguidos em quatro pontos da capital baiana.

Essas barreiras foram localizadas em Tancredo Neves, Arenoso e Cabula, onde atualmente há uma tensão, devido à disputa territorial entre facções do Bonde do Maluco (BDM) e o Comando Vermelho (CV), a segunda maior organização criminosa do país e que está estabelecida na Bahia desde 2020. A tática das “barricadas” é muito comum nos morros cariocas sob o domínio do CV, fundado na década de 70 no Rio de Janeiro (capital).  

“Nós não podemos imaginar que algo que seja implantado com sucesso numa determinada localidade não vai ser replicada em outra. Principalmente com a capilaridade que o crime organizado tem hoje em todo país. As 'barricadas' não são novidade no Rio de Janeiro e em São Paulo, principalmente no Rio”, declarou o especialista em segurança pública, o coronel Antônio Jorge, coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Estácio FIB da Bahia.


Casos

No último dia 5, policiais militares encontraram estruturas de cimento e concreto, além de móveis velhos (sofás, geladeiras, entre outros) que atrapalhavam a circulação de viaturas nas ruas Sobral e Marilene, no bairro de Tancredo Neves. Um caminhão da Transalvador deu apoio às equipes da 23ª Companhia Independente de Polícia Militar e da Rondesp Central nas retiradas.

A operação foi deflagrada após o recebimento de denúncias anônimas sobre um grupo de homens armados, da localidade conhecida como Buracão. Os criminosos conseguiram escapar.

A PM destruiu uma nova barricada na localidade conhecida como Timbalada, no Cabula, no dia 10. A ação aconteceu na Rua Nova Esperança. Policiais que participaram da operação disseram que encontraram materiais usados para a limpeza de armamentos – indício que o local era usado como ponto de vigilância e que havia sido abandonado instantes antes da chega das equipes. 


Os policiais utilizaram marretas para derrubar as construções de concreto e evitar ocorrências como a de um policial da unidade que foi atingido por um disparo de arma de fogo, no dia 16 de março. “E aí tem agravante: essas barreiras deixam os policiais mais expostos quando eles param para fazer a retirada das barricadas para poder progredir no terreno”, pontuou o especialista em segurança pública, o coronel Antônio Jorge.

Já no dia 14, uma nova barricada foi desmontada no Buracão, mas desta vez no trecho do Arenoso. Os militares utilizaram um caminhão do tipo munck para remoção do concreto. A 23ª CIPM patrulhava a região, quando identificou a estrutura para reduzir o acesso das viaturas.


Moradores

Os bloqueios também interrompem caminhos de quem poderia salvar vidas. “Quantas vezes tivemos que carregar um vizinho porque as ambulâncias do Samu não conseguiam passar. Nós, moradores, tínhamos que parar os nossos carros do lado de fora da comunidade, por causa deles (criminosos). Agora que alguns motoristas por aplicativo estão entrando, porque antes não podiam”, contou um morador do Arenoso. 

Por causa das barricadas, alguns serviços que antes eram prestados às comunidades deixaram de ser realizados. “Algumas pessoas estavam com problema na energia ou na internet, mas não era possível resolver, porque era preciso reparo nos postes e os carros das empresas de manutenção não passavam. A nossa esperança é que a polícia não deixe eles (criminosos) se estabelecerem aqui novamente”, disse uma moradora da Timbalada. 


Segundo o especialista, a situação só é possível porque o Estado é “ausente ou conivente”. “E o Estado não vê isso? Espera consolidar? Se isso acontece, é porque ratifica aquela posição que em determinadas áreas da cidade sabe estar ausente ou conivente. Pela ausência do Estado, o crime organizado assume o controle do território, a força policial passa a ver aquela região como área de risco e aí não atua preventivamente, só atua pra reprimir quando existe uma agudização dos casos de violência naquele local”, explicou coronel Antônio Jorge. 


Posicionamentos

Em nota, a Polícia Militar informou que intensificou as operações nos bairros de Tancredo Neves, Sussuarana e São Marcos e que realizou  a prisão de 36 suspeitos, com apreensão de 21 armas de fogo, duas granadas, 514 munições, quatro réplicas de armas de fogo, 4.112 porções de drogas, mais de 50kg de maconha, oito balanças de precisão e uma prensa hidráulica, além da recuperação de nove veículos com restrição de roubo. 

“Continuamos atuando com foco no reforço de nossas ações e na obtenção de resultados cada vez mais expressivos. O comprometimento com a segurança pública é a nossa missão", declarou o coronel Antônio Magalhães, comandante do CPRC /Central.

Já a Secretaria de Segurança Pública informou que a polícia "trabalha com inteligência, aliada à repressão qualificada, no combate ao crime organizado". "Barricadas ou qualquer outro tipo de estrutura montada serão desarticuladas", diz a nota enviada.


CORREIO. 

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