Perseguição a grupo criminoso começou no Subúrbio e terminou na Paralela com quatro mortos
A perseguição que terminou com quatro homens mortos e policiais militares feridos na Avenida Paralela começou no Lobato, no Subúrbio Ferroviário, depois de uma troca de tiros entre facções rivais. Os quatro suspeitos mortos na madrugada desta segunda-feira (19) estavam no mesmo carro e, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), foram baleados ao reagir à abordagem policial. Em ligação com a ação, a polícia apreendeu no bairro de Tancredo Neves uma grande quantidade de armamento de uso militar, similar aos utilizados por forças armadas dos EUA e da Otan.
"Iniciou-se a ação na noite interior a partir de um grupo tentando invadir a área de outro grupo, mas que evoluiu para ação das polícias, que conseguiram abordar o grupo, que resistiu. Quatro elementos vieram a óbito porque não atenderam aos comandos. Dois policiais militares foram atingidos", disse o subsecretário da segurança pública, Marcel Oliveira. "Os dois passam bem e vão ter recuperação plena".
Segundo a polícia, não se trata de uma operação deflagrada, mas uma ação contínua da polícia acompanhando a ação do Comando Vermelho (CV) no bairro de Tancredo Neves.
Ontem à noite, criminosos atacaram um grupo rival no bairro do Lobato. Quando retornavam para Tancredo Neves, onde têm esconderijos na localidade do Buracão, foram surpreendidos pela forças estaduais e federal.
O coronel Manoel Muniz, comandante de Policiamento e Missões Especiais, diz que equipes foram até o Lobato acompanhar a denúncia de invasão de uma facção na região.
"A grande ação das forças de segurança tem sido justamente em trabalhar a forma de neutralizar essa contenda entre esse grupos, que muitas vezes por disputa de território entram em conflito e geram toda um alvoroço, sensação de insegurança na população. Numa dessas ações nos deparamos com o popularmente chamado de bonde, que ao se deparar com a polícia investiram, usando armas de grosso calibre, atirando contra nossas guarnições e atingindo policiais nossos", diz.
Depois da troca de tiros, se iniciou a perseguição que seguiu até a Paralela. "Após essa situação, que tem conexão com essa apreensão, houve sinalização do setor de inteligência desse bunker, com essas armas, e o que foi ser averiguado pelas guarnições. Nesse segundo momento não houve prisões ou confrontos". No carro onde os suspeitos estavam, foram apreendidos dois fuzis e o veículo foi encontrado com ao menos 30 perfurações de tiros. Mais armamento foi localizado em uma vala próxima a um canal de esgoto, em área de mata fechada.
Ao todo foram apreendidos 13 fuzis calibre 7.62 e 5.56, uma submetralhadora calibre 9mm, duas espingardas calibre 12, duas pistolas calibre 9mm, uma granada, carregadores, munições e tabletes de crack. "É o mesmo modelo de equipamento que é usado pelas forças integrantes da Otan, assim como do Exército americano", diz Oliveira. O valor do prejuízo dado a organização criminosa não foi mensurado pela polícia.
"Essa é a maior apreensão de armas desse tipo em um único dia na história da Bahia. Isso demonstra que as polícias vêm atuando e está com investigações em curso que permitem efetivamente ter resultado expressivo. Muitas vezes que a população almeja, mas na velocidade que as investigações permitem", avaliou o subsecretário.
O subsecretário falou do nível de armamento das facções. "Isso não é um problema de Salvador, da Bahia, é nacional. A entrada facilitada no território nacional de armamento de forma indiscriminada. As organizações estavam com esse armamento, com certeza tem diversos crimes que foram praticados a partir do uso desse armamento", acrescentou.
Oliveira lembrou que o armamento é usado para diversos crimes. "Esse equipamento ora é utilizado para proteção do território das organizações criminosas, e ora para outro tipo de delito, como roubo a banco, roubos veiculares", disse.
Um tenente da PM foi atingido de raspão na cabeça por um dos disparos e já está em processo de alta. O soldado ferido vai passar por cirurgia.
Armamento
O delegado da Polícia Federal Eduardo Badaró afirmou que houve duas ações distintas para localizar o bunker dos armamentos. A perseguição ajudou a colher mais informações, mas eles encontrar o local depois.
"As investigações têm esse objetivo, retirar das ruas esse armamento. Existem dados que a gente coleta de forma separada que, juntando as forças policiais, a gente conseguir produzir um conhecimento mais contudente. A partir de uma ação específica dessa troca de tiros, de impedir um grupo de atacar um bairro, a gente conseguiu coletar novos dados, que junto com a operação que estava em andamento transformou em produção de conhecimento necessária para a gente localizar especificamente onde estava", diz.
O subsecretário Marcel Oliveira acrescenta que esse ano já foram apreendidas 1,6 mil armas em toda Bahia, uma média diária de 11 armas. "Isso reflete vidas a menos ceifadas", afirma. "Quando se tira esse tipo de arma da rua, a gente está preservando também a população". Os fuzis encontrados pela são armas de alto alcance, podendo atingir um alvo a 300 metros de distância, além de possuírem disparo sequencial que, a depender do modelo e carregado, pode superar o número de 150 disparos seguidos.