O delator foi condenado a seis anos de prisão por fraude em consórcios, mas um acordo de colaboração com o então juiz reverteu a pena em serviços comunitários
Documentos de um processo remetido agora ao Supremo Tribunal Federal (STF) apontam que Sérgio Moro corroborou com um acordo de colaboração premiada contra colegas da magistratura paranaense. As tarefas incluíam grampear, monitorar e levantar provas contra pessoas que tinham foro privilegiado e formalmente não poderiam ser investigados na primeira instância.
O acordo de colaboração foi firmado em 2004 com o empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia. De acordo com ele, as tarefas foram monitoradas e supervisionadas pessoalmente ao longo de anos pelo agora senador. No processo enviado ao STF, há, inclusive, registros de conversas telefônica em que Moro cobra do delator a entrega de algumas das 30 tarefas que tinham sido estabelecidas. Os documentos mostram ainda que a colaboração previa que fossem usadas até escutas em conversas com políticos e juristas. O objetivo disso era obter informações sobre desembargadores do Paraná e ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Segundo o portal G1, os documentos só foram enviados agora ao STF porque foi quando Tony, delator na época, conseguiu ter acesso aos termos que formalizaram a colaboração premiada. Desafeto da Lava Jato, o juiz Eduardo Appio assumiu a 13ª vara de Curitiba e retirou o sigilo dos autos.
O delator foi condenado a seis anos de prisão por fraude em consórcios, mas a colaboração reverteu sua pena em serviços comunitários. Tony agora recorre ao STF para que Moro seja condenado por atuação parcial e anule os efeitos de seu acordo e das informações levantadas por ele. O caso está com o ministro Dias Toffoli.
Procurado pelo G1, o agora senador nega que tenha cometido irregularidades e diz que nenhuma das gravações entregues envolve pessoas com foro privilegiado.