Por Joab Vitorino - Bereu News |
Num mundo onde o elogio forçado rende vantagens, quem opta pela sinceridade muitas vezes paga um alto preço: o do isolamento e da humilhação.
Em diversos espaços sociais — do ambiente de trabalho às relações políticas, da escola à igreja — é comum presenciar uma prática tão antiga quanto silenciosa: a bajulação. E mais comum ainda é perceber como os “puxa-sacos” costumam ser recompensados com cargos, atenção e favores, enquanto aqueles que se mantêm fiéis à verdade e à própria consciência muitas vezes são deixados de lado de forma cruel e humilhante.
Mas por que isso acontece?
A bajulação funciona como uma moeda invisível. Ela massageia o ego de quem está no poder, cria uma sensação de controle e segurança, e muitas vezes mascara as falhas que ninguém ousa apontar. É o elogio exagerado, a submissão estratégica, o “sim senhor(a)” mesmo quando o erro é evidente. É um jogo onde, para muitos, vale mais agradar do que ser verdadeiro.
Do outro lado estão os que preferem manter a integridade. Pessoas que não se calam diante de injustiças, que elogiam quando é justo, mas também criticam quando necessário. Esses são, frequentemente, os esquecidos. São preteridos em promoções, excluídos de decisões, e até tratados com frieza por não se curvarem ao jogo da conveniência.
É comum ouvir frases como “Fulano é difícil”, “Ciclano não sabe se enturmar” — quando, na verdade, trata-se apenas de alguém que não está disposto a fingir. A consequência? O isolamento. A humilhação de ser ignorado em reuniões, não ser convidado para eventos, ou ter sua opinião silenciada mesmo quando carrega razão.
O mais cruel é que, em muitos casos, essa exclusão não é explícita. Ela vem em forma de sorrisos falsos, de portas que não se abrem, de oportunidades que nunca chegam. E tudo isso apenas porque alguém escolheu a verdade em vez da bajulação.
Essa realidade precisa ser discutida.
Ser autêntico não deveria ser motivo de punição. Não bajular não é sinônimo de arrogância ou de insubordinação. É, muitas vezes, um ato de coragem, de resistência e de caráter. E se queremos viver em sociedades mais justas, precisamos aprender a valorizar quem diz a verdade — mesmo quando ela incomoda.
Talvez o primeiro passo seja reconhecer: bajular pode abrir portas, mas é a integridade que constrói pontes duradouras. E no fim das contas, vale a pena se perguntar: de que lado da história você quer estar?