Por Joab Vitorino - Bereu News
Durante audiência pública realizada pela Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apresentaram detalhes do processo de licitação para a nova concessão das BRs 324 e 116, cujas operações hoje estão sob responsabilidade da Via Bahia. O contrato atual com a concessionária será encerrado no próximo dia 15.
A proposta apresentada pela ANTT tem gerado forte repercussão. O novo contrato amplia o prazo da concessão de 25 para 30 anos, dobra o número de praças de pedágio — passando de 7 para 14 — e eleva em até quatro vezes o valor cobrado nas tarifas. Com isso, a expectativa é de que a arrecadação anual salte dos atuais R$ 480 milhões para R$ 2,56 bilhões com a nova empresa vencedora da licitação.
O deputado estadual Robinson Almeida (PT), autor do requerimento da audiência pública, questionou o andamento da licitação mesmo antes do término do atual contrato e criticou a forma como os cálculos para a nova concessão foram apresentados. “O Dnit e o Ministério dos Transportes anunciaram R$ 500 milhões em investimentos nas estradas durante a transição, mas esse valor sequer foi considerado no modelo da nova concessão”, pontuou.
Segundo o parlamentar, a ANTT está licitando como se a rodovia estivesse no estado atual de conservação, desconsiderando as melhorias previstas antes da nova gestão. “Isso distorce a realidade e prejudica os usuários”, alertou. Ele também demonstrou preocupação com a pressa no processo e os impactos para a população. “Não se pode resolver um trauma histórico com essas rodovias, que têm causado mortes, impondo ao povo baiano o dobro de praças de pedágio e tarifas abusivas”, disparou.
De R$ 7 para R$ 25: aumento significativo
Atualmente, quem trafega de Salvador a Feira de Santana paga cerca de R$ 7 em pedágio. Com a nova concessão, esse valor pode saltar para R$ 25. A ANTT estima que o custo por quilômetro rodado pedagiado será de R$ 0,16, podendo chegar a R$ 0,21 em trechos duplicados.
O debate acende o alerta entre motoristas, transportadores e lideranças políticas. Os impactos da nova concessão, caso aprovada como está, devem refletir diretamente no bolso da população e na economia regional.
A discussão segue em pauta na Alba, que deve intensificar a pressão sobre a ANTT para que o processo seja mais transparente e justo com os baianos.