Freedom: PC desmantela esquema de saúde do CV e prende líderes


Além de armas, drogas e dinheiro, polícia apreendeu diversos materiais cirúrgicos

Uma ação simultânea realizada pelas Polícias Civis da Bahia e do Ceará resultou na prisão de 38 pessoas suspeitas de integrar o Comando Vermelho (CV), facção criminosa originária do Rio de Janeiro. Batizada de Operação Freedom, a ofensiva teve como principal objetivo cumprir mandados de prisões preventivas e temporárias e desarticular o núcleo armado e financeiro do grupo, que vem expandindo suas atividades para o território baiano.

Segundo informações da Polícia Civil, entre os presos, cinco foram autuados em flagrante por tráfico de drogas e porte ilegal de armas. A operação também bloqueou 51 contas bancárias, apreendeu armas, drogas e materiais hospitalares e cumpriu 46 mandados de busca e apreensão em diferentes pontos da Bahia e do Ceará.


Prisões na Bahia e no Ceará

Em Salvador, 34 suspeitos foram presos nos bairros da Liberdade, Uruguai, Pernambués e Narandiba. Outras prisões no estado aconteceram em Areia Branca, na cidade de Lauro de Freitas, Região Metropolitana, e em Aratuípe, no Recôncavo Baiano.

Ainda na capital baiana, no bairro do Uruguai, na Cidade Baixa, um dos investigados reagiu à abordagem e foi baleado. Segundo informações da Polícia Civil, ele chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital Geral Ernesto Simões Filho, no Pau Miúdo, onde morreu.


Já no Ceará, os agentes localizaram em Euzébio, Região Metropolitana de Fortaleza, o principal alvo da Freedom. Luis Lázaro Santana Alves, conhecido como LL ou Luizinho, é apontado pela polícia como sendo o líder do tráfico de drogas da Liberdade e bairros adjacentes.

Na ocasião, a mulher dele, Mariele Silva Santos, foi presa em flagrante. Segundo as investigações, ela seria responsável pela parte financeira da facção criminosa. A polícia, no entanto, não detalhou como ela administrava o dinheiro do grupo.

"Os alvos da Freedom são suspeitos de envolvimento em assassinatos, tráfico de drogas e outros crimes violentos. O objetivo é enfraquecer a estrutura criminosa, apreender armas e bens, prender lideranças e interromper o fluxo de recursos ilícitos usados para sustentar o tráfico e os homicídios. Os resultados da operação vão contribuir para a elucidação de cerca de 30 homicídios ocorridos na capital baiana", disse a PC, por meio de nota.


Quem é LL

Sob anonimato, uma fonte policial revelou que LL assumiu o comando da localidade após a morte de Willer Oliveira Souza, o Palhaço ou K5, morto em confronto com a Polícia Civil em abril de 2024. "Depois que Palhaço morreu, ele passou a comandar a área ali da Liberdade. Tem vários homicídios na conta, é muito violento", afirmou o policial.

Ainda conforme o agente, LL é o líder máximo da organização criminosa e exerce plenos poderes de decisão sobre finanças, logística e uso de armas. Ele seria o responsável por determinar punições internas e coordenar a lavagem de dinheiro por meio de terceiros.

"Ele é tiro surdo, nunca tinha sido preso. Mas, já matou e mandou matar muita gente, principalmente os caras da outra facção, concluiu a fonte, revelando que, na região da Liberdade, o CV rivaliza com o Bonde do Maluco (BDM).


‘Serviço médico’ da facção

Conforme a Polícia Civil, a Operação Freedom é resultado de uma investigação de meses que mapeou a estrutura de funcionamento da facção na Bahia, incluindo rotas de tráfico, pontos de apoio financeiro e até um o esquema de saúde clandestino para atendimento médico.

Durante as buscas, os policiais encontraram em uma residência uma quantidade significativa de materiais cirúrgicos e hospitalares - pinças, bisturis, gazes, suturas, seringas, agulhas, toalhas cirúrgicas, medicamentos e outros itens usados em procedimentos improvisados.

Conforme a PC, o material apreendido era usado no atendimento de integrantes da facção feridos em confrontos, evitando que fossem levados a hospitais e, consequentemente, presos.


Um técnico de enfermagem, que de acordo com as investigações, era responsável pelo 'serviço de saúde' e realizava curativos e pequenos procedimentos, foi levado à delegacia para prestar depoimento e, em seguida, liberado.


Golpe no crime, apreensões e bloqueios

Ainda segundo a Polícia Civil, a Freedom representa um golpe direto no coração financeiro e logístico do CV, atingindo tanto os executores quanto os responsáveis por dar suporte ao grupo, em diversos segmentos.

No cumprimento dos mandados de busca e apreensão, além dos materais cirúrgicos, também foram apreendidas pistolas, carabinas, uma granada, uma quantidade de maconha, cocaína, crack e drogas sintéticas.

Máquinas de cartão, uma quantia de dinheiro em espécie, 39 celuleres e alguns documentos foi recolhido pela polícia. A polícia não informou o valor apreendido. Ao todo, 46 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A polícia também solicitou o bloqueio de 51 contas bancárias ligadas à facção.


Ação conjunta e coordenação

Mais de 400 policiais participaram da Operação Freedom. A ação envolveu equipes dos Departamentos de Homicídios (DHPP), Repressão ao Crime Organizado (Draco), Narcóticos (Denarc), Investigação Criminal (Deic), Polícia Metropolitana (Depom) e Polícia do Interior (Depin).

A Polícia Militar atuou com efetivos do Bope, BPChoque, BPatamo, Rondesp e outras unidades especializadas. A operação contou ainda com apoio da Superintendência de Inteligência da SSP-BA, do Departamento de Polícia Técnica (DPT) e da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-BA).

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