O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação Lava Jato, participou, na manhã desta quinta-feira (23), do III Simpósio Nacional de Combate a Corrupção, que acontece até amanhã no UCI do Shopping Barra, em Salvador. Durante a abertura, que começou por volta das 10h de hoje, Moro recebeu a medalha Tiradentes concedida pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF).
Moro começou falando do “loteamento da principal estatal em favor da corrupção”: “A Petrobras acabou reconhecendo, naquele balanço de 2014, publicado em 2015, R$ 6 bilhões em custo direto com propina”. Diante de uma sala de cinema lotada, o juiz falou de ramificações da corrupção no Brasil e citou casos como “Caixa, Eletronuclear” e o “famoso apartamento dos R$ 50 milhões”, se referindo ao caso envolvendo Geddel Vieira Lima. “Todos esses casos mostram a corrupção sistêmica no País”.
Moro destacou que o problema da corrupção vai muito além da questão econômica: “a corrupção não é meramente um crime econômico. Ela quebra a confiança. Quando a corrupção é ampla e profunda há uma quebra de confiança generalizada, o impacto na credibilidade das instituições brasileiras. A democracia demanda confiança. A economia demanda confiança”. Para Moro, a perda da confiança nas instituições faz com que surjam movimentos a favor da volta do regime militar, o que o juiz rechaçou com veemência.
O magistrado também citou a importância das forças-tarefas: “para melhorar o problema da corrupção, o sistema de Justiça criminal tem que funcionar. É importante a criação de forças-tarefas no âmbito da Justiça e MP, além de uma Corte judicial dedicada unicamente a julgar esses casos. Os recursos sempre serão limitados, então é preciso ter foco senão não se chega a lugar nenhum. É importante que essas forças-tarefas trabalhem com sinergia, e aí eu falo da Polícia Federal e Ministério Público. Tem que colocar as diferenças - que são compreensíveis - de lado pra trabalhar nesses casos”.
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