GUERRA: Brasileiro testemunha conflito na fronteira com a Venezuela e escreve texto comovente


O funcionário da Receita Federal, Sílvio Pinho, fez um relato emocionado nas redes sociais, sobre os conflitos que tomaram conta da fronteira entre Brasil e Venezuela, neste sábado (24/2). No local estão presentes diversas forças federais brasileiras, como Exército, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), agentes da Força Nacional, Policiais Militares, todas integrantes da “Missão Acolhida”, iniciativa do Governo para, como frisa o nome, recepcionar refugiados do país vizinho, que buscavam escapar das condições precárias em que se encontram as suas necessidades básicas.

Na última quinta-feira (21/2), Nicolás Maduro, presidente que enfrenta sérias criticas e denúncias que envolvem tortura, assassinato e práticas ditatoriais, decretou o fechamento das fronteiras da Venezuela com o Brasil e Colômbia, além de ter cortado relações diplomáticas com os colombianos. A atitude foi tomada para impedir que carregamentos de medicamentos e alimentos oriundos dos Estados Unidos da América (EUA) e Brasil chegassem à população do seu país. Como consequência, cidadãos brasileiros e colombianos ficaram presos nos respectivos países e a tensão só aumenta.

Confira na íntegra, fotos, vídeos e o comovente texto compartilhados por Sílvio Pinho:


“Testemunhando a história

Já esteve numa guerra? Hoje eu estive. A cidade de Pacaraima fica na fronteira com a Venezuela, mas na fronteira mesmo, tipo raspando a cerca. A cidade do lado de lá é Santa Elena de Uaren mas as casas mesmo ficam a 13km da fronteira. Na divisa, 500m Venezuela a dentro, fica a base do exército deles.

Pois bem, nesse espaço de 500m de território venezuelano é que ocorreram os embates de hoje. Os venezuelanos que estão no Brasil impedidos de voltar ao seu país começaram a se aglomerar logo após o marco das duas bandeiras, junto com os caminhões de mantimentos e remédios da ajuda humanitária do Brasil para a Venezuela. Lá, começaram a provocar os soldados que estavam mais abaixo, todos em formação. Mais ou menos duzentos metros separavam os dois grupos. Os civis prepararam diversas garrafas de coquetel molotov e diziam que jogariam no posto de gasolina que existe alí bem próximo.

Os ânimos foram se exaltando até que as promessas foram cumpridas e começaram a jogar as garrafas. O exército revidou atirando bombas de gás lacrimogênio. Eu sofri nos olhos, garganta e pele do rosto, os efeitos desse armamento dispersor de agitação. Mas os civis não arredaram pé e atiravam de volta algumas dessas bombas, além de pedras; muitas pedras. Os soldados começaram a avançar, sempre em formação linear e protegidos por seus escudos transparentes, subindo a estrada em direção ao Brasil, mas ainda dentro de território venezuelano.

Como eles não podiam disparar seus fuzis pois os projéteis estariam no Brasil, começaram a jogar pedras também. Parecia uma guerra do tempo das cavernas. Por fim houve disparo de arma de fogo em direção ao Brasil, o que imediatamente gerou uma movimentação intensa das forças brasileiras, Exército, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), agentes da Força Nacional, Policiais Militares, começaram a afastar os civis do meio do caminho pois num confronto estariam sob fogo cruzado. Nessa hora resolvi sair de lá porque o perigo atingira níveis alarmantes.

Mas o triste mesmo são os moradores da cidade de Santa Elena que não conseguiram fugir para o Brasil. Eles estão sofrendo os abusos dos Colectivos que são bandidos e assassinos armados pelo Nícolas Maduro, muitos deles tirados das prisões para compor esse efetivo monstruoso e causar pânico e desespero na população, assassinando pessoas nas ruas. Isso me foi passado por um morador de Santa Elena via WhatsApp que está desesperado pois não conseguiu transpor as barreiras para chegar ao Brasil.

E aqueles que acabam feridos, dependendo da gravidade, praticamente recebem uma sentença de morte porque os hospitais de lá estão totalmente desabastecidos de tudo e não conseguem salvar a vida dos que foram atingidos.
Nunca pensei que seria testemunha ocular de um capítulo da história venezuelana.”

Sílvio continua lotado no local, assim como diversos membros das forças federais e do Estado de Roraima. Eles dão continuidade à Missão Acolhida, enquanto aguardam a resolução do impasse internacional.

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