Um homem negro de 40 anos morreu na noite desta última quinta-feira (19/11) após ser agredido no supermercado Carrefour, na zona Norte de Porto Alegre, às vésperas do feriado da Consciência Negra. De acordo com o UOL, a vítima, identificada como João Alberto Silveira Freitas, teria discutido com a caixa do estabelecimento e foi conduzido pelo segurança da loja até o estacionamento, no andar inferior. Um cliente, policial militar temporário, acompanhou o deslocamento ao lado de uma funcionária do mercado.
Durante o percurso, Freitas teria desferido um soco contra o PM, segundo afirmou a funcionária em depoimento à polícia. "A partir disso começou tumulto, e os dois agrediram ele na tentativa de contê-lo. Eles (o PM e o segurança) chegaram a subir em cima do corpo dele, colocaram perna no pescoço ou no tórax", observou o delegado plantonista Leandro Bodoia. A cena lembra o que aconteceu com George Floyd, que morreu sufocado nos Estados Unidos ao ser contido por policiais.
Vídeos que mostram o espancamento e a tentativa de socorristas de salvarem o homem circulam nas redes sociais desde a noite desta quinta-feira (19/11). Na gravação, Freitas recebe de um dos homens vários socos na região do rosto, enquanto o outro tenta segurá-lo. Uma mulher que estava usando proteção facial é vista perto deles, assistindo às agressões. Funcionários do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegaram a se deslocar até o local, fizeram massagem cardíaca, mas ele acabou não resistindo.
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Segundo o UOL, ainda não se sabe a causa da morte de Freitas, o que deve ser apontado em laudo pericial. A esposa dele o acompanhava e já foi ouvida, mas disse que não presenciou as agressões. A mulher relatou que estava longe dele quando houve o desentendimento no caixa. "Ele (Freitas) chegou a fazer sinal para ela, mas achou que era brincadeira, nada de mais", observa o delegado.
O PM temporário e o segurança foram levados à delegacia, mas permaneceram em silêncio durante depoimentos. Os dois estavam acompanhados de uma advogada. A polícia agora aguarda o laudo pericial e mais imagens de câmera para esclarecer o caso. A investigação segue agora com a 2ª DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa).
CARREFOR ROMPE CONTRATO
Após o caso vir à tona, o Carrefour decidiu romper o contrato com a empresa de segurança e fechará a loja. Em nota, o mercado afirmou que "adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso". "O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário", disse a empresa em nota.
O Carrefour, ainda em nota, disse "lamentar profundamente o caso" e salientou que iniciou uma "rigorosa apuração interna".
"Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais", salientou a empresa em nota.