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Volta às aulas em Salvador é discutida na Câmara de Vereadores; não há data definida para o retorno


A Câmara Municipal de Vereadores de Salvador foi palco de um debate sobre as voltas as aulas na manhã desta terça-feira (26/1). O ensino presencial foi interrompido em março de 2020 e ainda não há uma data oficial para a volta.

A videoconferência foi transmitida pela TV Câmara (12.3). O mediador do debate, vereador Cláudio Tinoco (DEM) lembrou que os alunos necessitam de uma data e pediu que a Secretaria Municipal de Educação (Smed) elaborasse um protocolo de volta às aulas. "Menos de seis meses após registrar os primeiros contaminados, alguns países já voltaram às aulas presenciais. A gente sabe que essa não é uma decisão fácil, mas ela precisa ser tomada. É claro que com protocolos a serem seguidos", declarou.

Representante do movimento de pais Volta às Aulas Salvador, a pneumologista Larissa Voss Sadigursky defendeu o retorno facultativo das aulas. "O Brasil é líder mundial de escolas fechadas e a Bahia segue esse percurso. Único estado que não tem ainda o protocolo de retomada", pontuou.

Ela lembrou que as crianças sofrem menos com o vírus e não estão listadas em nenhum grupo prioritário para a vacina. "Diversos estudos ratificam que as crianças transmitem menos, agravam menos e têm menor risco de óbito. Nos países que retomaram as aulas não se identificou o aumento do óbito entre as crianças", afirmou.

Por outro lado, o professor e coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (APLB-BA), Rui Oliveira, defendeu que as aulas não sejam retomadas. "Ano letivo se recupera. Vidas, não", enfatizou. "Se fizerem uma consulta com quem faz a educação saberão que não é momento de voltar. O Enem foi um exemplo disso. Cinquenta por cento dos estudantes ficaram fora do exame porque insistiram em realizar a prova", afirmou.

De acordo com ele, a APLB fez uma pesquisa com 330 municípios e 13 mil educadores, que afirmaram que só retomariam as aulas com vacina. "Não queremos voltar por voltar. Queremos voltar com segurança e respeito à vida", disse Rui, pedindo que os participantes conheçam as escolas públicas do estado. "Algumas não têm nem sanitário. Como garantir os protocolos de segurança?", pontuou. 

O diretor do Sindicato das Escolas Particulares da Bahia (Sinepe-BA), Jorge Tadeu, disse que em 2020 foi feito um "arremedo para não perder o ano". "Há coisas que só se aprende no convívio social. Esse ano o conteúdo foi enfatizado, mas todo processo de socialização não aconteceu", criticou.

Ele afirmou ainda que apenas 15% do alunado da educação infantil fez matrícula e defendeu que o retorno seja discutido com cada unidade escolar para saber as possibilidades de cada uma. "Se os professores da rede pública se recusarem ao retorno, eles estão deixando o medo e o receio preponderarem. Eu acredito que a discussão seria pensarmos no retorno das aulas, pois sabemos que quando um jovem evade da escola, para ele retornar é difícil", avaliou

O secretário municipal de Educação, Marcelo Oliveira também defendeu o retorno às aulas. "O risco em sala de aula vai ser menor do que as crianças estão expostas atualmente", considerou, ao pontuar que muitos alunos já frequentam festas, shoppings e estão brincando nas ruas.

Para o secretário, recuperar o ano "perdido" é extremamente difícil. "Se fosse possível recuperar não teríamos o fracasso que é o ensino de jovens e adultos (EJA)", defendeu. "Os alunos já perderam um ano e estamos no risco de ter que recuperar mais um ano", afirmou.

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