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Bolsonaro se irrita com eleitores e diz que não é "ditador"; "em vez de dar força pra mim, criticam"


O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se irritou durante sua tradicional conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, nesta quinta-feira (29/4).


Ele afirmou que "não é ditador do Brasil" e reclamou dos eleitores, que, segundo ele, deixaram de "dar força" para criticá-lo. Tudo começou quando um homem pediu que o chefe de Estado desse atenção ao Rio de Janeiro. "O que é dar atenção? Tem um governador e tem um prefeito lá", respondeu Bolsonaro.


O homem insistiu, dizendo que que o estado precisava de atenção para a "problemática da política". Bolsonaro continuou: "Lá o povo elegeu os 70 deputados estaduais e os 51 vereadores. Eu sou presidente da República. Estado e município outras pessoas foram eleitas para tomar conta", retrucou.


Não satisfeito, o homem falou que o presidente tinha que dar "atenção a todo o Brasil". O gestor negou. "O pessoal reclama que acabou emprego. Quem fechou o comércio não fui eu, quem te obrigou a ficar em casa não fui eu. Eu faço a minha parte. Impressionante! O pessoal, em vez de dar força pra mim, critica. Não sou ditador do Brasil".


Outro apoiador também tentou falar com o presidente, dizendo ter vindo de Rondônia para vê-lo e pedindo ajuda para que não houvesse lockdown no estado. "Quem tem o poder são estados e municípios para fazer o que estão fazendo, inclusive ignorando a Constituição. Quem foi que deu esse poder?", devolveu Bolsonaro.


"Quando indicavam ministro do Supremo ninguém falava nada, quando indicavam autoridade para tudo quanto era lugar ninguém falava nada. Agora cobram tudo de mim", prosseguiu o presidente. O apoiador de Rondônia então disse que Bolsonaro não deveria ser cobrado, mas elogiado e começou a chorar.


A justificativa usada pelo presidente foi a de que o Supremo Tribunal Federal (STF) o impediu de agir contra a pandemia, ao decidir em Plenário que Estados e municípios tinham autonomia para determinar medidas de restrição à circulação de pessoas de acordo com o quadro local da crise sanitária. No mesmo dia, o Brasil ultrapassou a marca de 400 mil mortes pela Covid-19 e algumas cidades, como Salvador, tiveram que parar a vacinação de segunda dose por falta de imunizantes.


O tempo todo sem máscara e ladeado por auxiliares também desprotegidos, o presidente citou aos apoiadores que foi tomar sopa há uma semana numa instituição que atende a pessoas carentes em Itapoã, no Distrito Federal. "Multiplicou por três o número de pessoas que tá tomando sopa. E, com essa política do lockdown aí, vai aumentar. Adivinha quem eles vão culpar pelo desemprego", reclamou.


Bolsonaro ainda tentou mudar de assunto e falar de outros temas, mas, como não conseguiu, abandonou a conversa e entrou no carro.

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