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O que já se sabe sobre o caso do atirador que matou a esposa grávida e os sogros


A investigação sobre a morte da juíza de paz Nahaty Gomes de Mello, 33 anos, que estava grávida, e os pais dela, Rosemary Gomes de Mello, 67 anos, e Wellington Braga, 75, em Nova Friburgo (RJ) continua. O único suspeito é o tabelião Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcelos, 43, marido de Nahaty.


O crime aconteceu na noite de 13 de agosto, na casa em que Nahaty e Ricardo moravam. A mulher e a mãe morreram no local. Já Wellington foi encontrado ferido com um tiro na boca por policiais militares que foram chamados depois dos tiros. Ele conseguiu dizer aos PMs que os disparos foram feitos pelo genro.


Ricardo foi encontrado "completamente transtornado" andando pela casa. Rosemary foi achada morta no primeiro andar da casa. Nahaty estava em uma cama no segundo andar, com a pistola ao lado. Wellington morreu 19 dias depois, no hospital, em decorrência dos ferimentos. 


Desde o dia do crime, Ricardo alega que estava em "surto". Em um primeiro momento, ele foi mantido preso no Hospital Penal Psiquiátrico. Mas na última sexta (3) a Justiça determinou que ele fosse transferido para Bangu 8, afirmando que não há nada nos autos que indique que o suspeito sofre de algum distúrbio.


O dia do crime

Segundo reportagem do Uol, não se sabe precisamente o que aconteceu no dia do crime, já que todas as vítimas morreram e Ricardo não fez uma confissão. Wellington, que resistiu em um primeiro momento, foi o único que conseguiu falar um pouco do que ocorreu, antes de morrer.


A médica Saliha Melo diz que recebeu uma ligação do pai, Wellington. "Ele estava consciente em todo o momento. Me ligou e disse: 'chama o Paulinho (marido de Saliha), vem você, chama a polícia, porque Ricardo está dando tiro em todo mundo aqui'. Quando eu ouvi isso, saí correndo. Ele estava consciente, queria falar, mas eu não deixei porque ele tinha tomado um tiro na face e, quanto mais falava, mais ficava chocado e começava a chorar", relembra, falando ao Uol.


Para preservar o pai, Saliha evitou que ele falasse muito. Ela diz que a prioridade era tentar que ele recuperasse a saúde. "Depois você fala, pai", disse ela. Wellington ficou 19 dias internado em uma CTI e morreu em 1º de agosto.


Os PMs chamados no dia do crime encontraram Wellington ferido na casa, dizendo que o genro estava "transtornado". Logo depois, encontraram as duas mortas. 


"Surto"

Na viatura depois de ser preso, Ricardo começou a falar que estava em surto. A versão é questionada pelo delegado Henrique Paulo Mesquita Pessoa, que investiga o caso. "Isso evidencia uma certa incredulidade, já que quem está em surto psiquiátrico logo após matar a esposa grávida e a sogra não teria tamanha compreensão da situação. Ele foi autuado claramente por feminicídio e na delegacia não demonstrou qualquer surto. Parecia uma pessoa absolutamente normal, consciente e controlada", garante.


Na audiência de custódia, Ricardo alegou que sofria de depressão, ansiedade e tinha crises de pânico. Exames foram solicitados e ele foi encaminhado ao Hospital Penal Psiquiátrico.


Antes mesmo dos resultados chegarem, o juiz decidiu que Ricardo deve ir para um presídio comum, baseado no que consta nos autos. "O acusado praticava tiro desportivo, postava fotografias em rede sociais com arma de fogo e não se sabe se influenciado por discurso de ódio. Quiçá fatores possam explicitar crimes tão graves como ora os apurados e não um suposto surto psicótico. Chama atenção que o surto psicológico apenas foi abordado superficialmente nos depoimentos dos agentes da lei em sede policial, que afirmaram que o denunciado disse informalmente que cometeu os crimes, pois teve um 'surto'", diz trecho da decisão do juiz Marcelo Alberto Chaves Villas.


Para praticar tiro e ter posse de arma, é preciso ter um laudo psicológico considerando que a pessoa está apta. O tabelião havia publicado no ano passado no Facebook imagens no Centro de Treinamento Tático Oodaloop. Para treinar lá, ele apresentou laudo de uma psicológica credenciada, segundo o clube de tiro. 


O juiz cita na decisão a prática de tiro do suspeito. "O réu é praticante de tiro desportivo, sendo possuidor de arma. Destarte, como bem apontado pelo Ministério Público, inexiste prova que o acusado sofra de perturbação mental. Ao contrário, se o referido é praticante de tiro desportivo, evidentemente que se submeteu a exame psicológico, sem restrição da capacidade cognitiva, pois tal exigência faz parte do Estatuto do Desarmamento, da legislação infra legal e legal que disciplina a aquisição de arma de fogo sob a fiscalização do SINARM", diz a decisão.


Motivação dos homicídios

A polícia ainda não sabe o que teria motivado os crimes. Para a médica Saliha, irmã e filha das vítimas, o cunhado é uma "pessoa má" e por isso não teria motivação. "É uma pessoa extremamente materialista, narcisista. É isso. Pessoas más, realmente más, não precisam de motivação. Não há nada que justifique. O Ricardo é uma pessoa ruim, um assassino frio que entrou na nossa vida e fez todo mundo de idiota", diz.


A médica diz que a irmã não fazia queixas do marido, mas que ela vivia o que classifica de um relacionamento tóxico. "Ele não sabe dividir, é uma pessoa extremamente materialista, fria, que não ama ninguém. Ele a afastava de mim. Queria estar junto quando não era para estar, era ciumento demais e possessivo", afirma.


Defesa alega que atestado é antigo

A defesa do tabelião diz que o juiz levou em conta um atestado de meses atrás, quando Ricardo conseguiu posse de arma, e que ele não estava bem atualmente. "Segundo o juiz, se ele estava são para ter arma, estava são para ser transferido para o presídio. Mas o juiz não tinha em mãos os dois atestados médicos dizendo que ele estava surtado no dia. Ele usou o que achou conveniente para o pensamento dele", afirma Paulo Marra Moraes, advogado do tabelião. 


Ele diz que aguarda resultado do exame de sanidade mental do cliente. "Se ele estiver bem agora, irá para o presídio, mas, mesmo assim, nada impede que ele seja considerado inimputável e vice-versa".


Ricardo vai responder pelo femicídio da esposa grávida e homicídios dos sogros. 

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