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Cientista político minimiza peso de ACM em jingle e diz que Neto busca blindagem em aliança

No outro lado, a cúpula do Partido dos Trabalhadores ligou o jingle a uma "velha política"


Um dos maiores destaques do evento de pré-candidatura de ACM Neto, nesta quinta-feira (2), foi o resgate do clássico jingle de seu avô 'ACM, meu amor'. Com música regravada por Antônio Carlos Besouro, o mesmo intérprete da canção original, e imagens de Antônio Carlos Magalhães, Neto liga sua história à do avô. 


A tática, que recebeu pesadas críticas da oposição, suscitou também debates sobre o carlismo na política baiana. 


Estudioso do movimento carlista, o cientista político Paulo Dantas, no entanto, não confere tanto peso ao apelo do jingle. "Não vejo isso como uma espécie de retorno de Neto ao paradigma do Carlismo", afirma. 


"Ele está tentando reavivar uma lógica da campanha do avô em 90, mas em 90 a situação era uma: o ACM despertava naquele momento paixões, estava muito aceso na mente de todo mundo o Carlismo. Isso é uma coisa que não interessa ao eleitorado jovem hoje. Para quem tem menos de 35 anos de idade, isso não quer dizer quase nada. Acredito que no ponto de vista eleitoral, tenha relevância moderada. O mais relevante são outras coisas".


Segundo o cientista político, o uso do jingle tem a ver com as dificuldades que Neto encontra na política nacional. Isso inclui a candidatura do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro e as possíveis articulações com a União Brasil.


"Ele quer preservar uma imagem dele como um político, um administrador — ele é um administrador e um político, ele não é um exterminador de políticos", afirma o professor. "Uma vinculação com Moro poderia ser devastador para ele, a figura do avô está sendo uma espécie de recurso dele para fugir disso, porque o ACM de alguma maneira, num plano simbólico, ele representa política —uma alusão à política".


De acordo com Dantas, à ala do PSL na União Brasil tem interesse de usar a candidatura de Moro como uma bengala. "O esquema de Moro é um esquema que interessa fortemente à chamada banda do PSL na União Brasil, esse partido é de deputados eleitos na onda da nova política". 


No outro lado, a cúpula do Partido dos Trabalhadores ligou o jingle a uma "velha política". Em 2022, Neto deve ter como principal adversário Jaques Wagner, ex-governador da Bahia duas vezes pelo PT. 


O presidente da legenda na Bahia, Éden Valadares, disse que "ao resgatar jingle do avô, ACM Neto reafirma o que a gente sempre disse, em vez de significar qualquer modernidade, ele é o representante do passado, da velha política, do mandonismo mais arcaico e retrógrado".

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