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Deusa do Ilê denuncia ação truculenta de guarda municipal no Centro Histórico

'Me senti totalmente coagida, oprimida e impotente", diz. GCM apura


Professora de dança e Deusa de Ébano do Ilê de 2017, Gisele Soares usou as redes sociais no domingo (13) para denunciar uma abordagem truculenta que sofreu na sexta (11) de um guarda municipal. Ela diz que o agente da GCM chegou a descer do carro com a arma engatilhada e ir para cima dela. A GCM diz que apura o caso.

A situação aconteceu quando Gisele estava com um grupo de amigos em frente a uma banca de livro na Rua do Ferrão. Nesse momento, o agente chegou e tentou estacionar perto de onde eles estavam, mas segundo a professora não buzinou e eles acabaram não notando.



"Ele chegou muito truculento e começou a me xingar, eu sem entender. Aí falei com ele 'Você deu boa tarde, pediu licença?'", conta. Nesse momento, o guarda desceu do carro. "Ele simplesmente desceu da viatura, engatilhou a arma e veio para cima de mim. É muito doloroso lembrar", disse, afirmando que passou pelo local novamente depois e ficou muito abalada com as memórias. "Me senti totalmente coagida, oprimida e impotente, com um guarda com arma engatilhada na minha frente sem eu ter feito nada, me chamando de desgraça. Me agredindo verbalmente como se eu tivesse cometido algum delito muito grave", relata.

Gisele acrescentou que gravou o vídeo como pedido de ajuda para rede de apoio e também denúncia. "Hoje eu me senti insegura na rua, com muito medo. Eu moro aqui, esses guardas estão aqui todos os dias. Tenho certeza que se fosse um grupo de pessoas brancas não seriam tratadas dessa forma", disse.

Ela ainda acrescentou que a GCM comete "ataques diários" contra a população. "Vejo como é diferente o tratamento para os turistas que vêm visitar o centro, trabalho também como guia, hoje não consegui exercer meu trabalho por medo", acrescentou.

A professora diz que no momento nem pensou em gravar a situação. "Não tenho como comprovar, não tenho como dizer qual é o guarda, não consegui filmar, não tive reação. Todo momento nossa palavra é colocada a prova".



Ilê repudia
Em nota, o Ilê Aiyê afirmou que é "inadmissível" que uma instituição da área de segurança atue dessa forma. "Precisamos saber se estas pessoas estão realmente preparadas para portar armas de fogo, pensamos que não", diz o texto.

O Ilê afirma que fará uma reunião com representantes da prefeitura de Salvador para discutir esse assunto. "Não é a primeira vez que nós somos abordados dessa forma, na região do Pelourinho. Como Gisele fala no vídeo, será que se fosse um grupo de pessoas brancas, eles agiriam da mesma forma?", questionam. "O Ilê Aiyê se solidariza com a nossa Rainha e exigimos um posicionamento da Guarda Municipal de Salvador".



A Guarda Municipal disse que apura o caso. O agente em questão vai prestar depoimento e Gisele também será convidada a formalizar uma denúncia para que a Corregedoria da GCM apure tudo que aconteceu.

O órgão também acrescentou, em relação à denúncia de racismo, que os guardas recebem treinamento e orientações "voltados para o combate ao racismo" e também participam de ações em parceria com Secretaria Municipal da Reparação.

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