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Jovem denuncia sofrer racismo em colégio da PM em São Sebastião do Passé

 Polícia Civil investiga o caso


Uma aluna do Colégio Municipal da Polícia Militar Dr. João Paim, localizado em São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), denuncia ter sofrido racismo por parte de um funcionário da instituição, que alegou que a menina estava com o “cabelo inchado”. 


A mãe da aluna, Jaciara de Jesus Tavares, de 31 anos, explica que a sua filha foi para o colégio com o cabelo preso em um coque e, mesmo assim, foi considerada inadequada para assistir às aulas. Eloah Monique, 13, foi mandada para casa, sem aviso prévio aos seus responsáveis. 


“Na hora que o funcionário mandou ela ir para casa, ela ainda tentou arrumar mais o cabelo, puxar esticar mais para manter o padrão dele, de liso. Mas ele disse que não adiantava e que ela teria que voltar para casa”, relatou a mãe. 

Jaciara diz que a filha chegou em casa chorando muito, constrangida pela situação, dizendo que não queria mais estudar no colégio e, no momento de raiva, chegou até a xingar o próprio cabelo. 


Segundo Jaciara, quando ela foi ao colégio para conversar com o funcionário,  ele mostrou a ela uma foto de um modelo padrão para que ela entendesse como que a filha deveria ir assistir às aulas. “Ele me mostrou a foto de uma menina branca com o cabelo liso. Eu falei para ele: ‘Essa não é a realidade da minha filha, o cabelo dela é duro e muito cheio”, contou a vigilante. 


Depois, de acordo com a mãe, o funcionário chegou a afirmar que a menina deveria, sim, alisar o cabelo para se manter no padrão do colégio. Outra reclamação da mulher foi o fato da escola ter mandado sua filha de 13 anos para casa sem um aviso prévio. “Ele constrangeu ela, não deixou ela assistir aula e ainda colocou a vida dela em risco”, finaliza. 


A Polícia Civil informou que Jaciara registrou um boletim de ocorrência do caso e que a Delegacia Territorial de São Sebastião do Passé vai apurar a denúncia. A Secretária de Educação foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem. 


O Coletivo de Entidades Negras (CEN) está acompanhando o caso da estudante por meio do corpo jurídico da organização.  “Estaremos com ela e com sua família na denúncia deste caso até o fim. Juridicamente, o CEN também atuará para que a jovem tenha seus direitos garantidos, o acesso à escola permitido e os autores dos atos racistas contra ela punidos. Esperamos que assim nenhum negro do Brasil sofra mais casos como esse”, afirmou o coletivo. 


O coletivo ainda afirmou que repudia qualquer tipo de discriminação, ainda mais aquelas praticadas contra signos e símbolos da cultura afro-brasileira. “São esses símbolos e signos que sustentam, ao longo de séculos, a identidade nacional do Brasil. Estamos em 2022 e já não é possível aceitar que agentes públicos ou privados atuem para excluir pessoas de espaços de acesso a direitos, como é a escola para o acesso à educação, simplesmente pela adesão dessas pessoas a formas diversas de vestimenta e estética”, declarou. 

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