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Boca do Rio pode ter trios elétricos no lugar da Barra no Carnaval de 2023; entenda


Um palco em atividade há mais de 40 anos, prestes a ter as cortinas fechadas. Tido como circuito mais tradicional do Carnaval de Salvador, o Dodô (Barra/Ondina), pode, a partir de 2023, deixar de receber os trios elétricos. Isso porque, a Prefeitura e o Conselho do Carnaval (Comcar) avaliam transferir a festa para a orla da Boca do Rio. 

 


A ideia é que o novo trajeto, com cerca de 5 quilômetros, comece no Centro de Convenções Municipal e siga pela Avenida Octávio Mangabeira, até o retorno na região da Avenida Pinto de Aguiar, em Patamares. Para a Barra, restariam os eventos com menos gente, como o Fuzuê ou Fundunço. 

O projeto não é de agora, mas a discussão ficou mais intensa com o aumento das reclamações da Associação de Moradores e Amigos da Barra (Amabarra). Para a entidade, com o crescimento da festa a cada ano, o lugar não tem mais condições de abrigar as estruturas e a quantidade de pessoas. Só a última edição, em 2020, contou com 854 mil turistas. Destes, 435,8 mil do interior da Bahia, 331,5 mil de outros estados e 86,2 mil eram estrangeiros.

“Não sou contra o carnaval, mas sugiro equilíbrio. Moro aqui [na Barra] há 20 anos. Não dá para ter tanta gente num lugar só e, mais que isso, somos idosos. A Barra tem muita gente da terceira idade. Da última vez, minha mãe, com 83 anos, não pode sair de casa por causa do tumulto. E se precisar ir ao médico? Se precisar de um socorro imediato?”, questionou José Carlos de Almeida. 

A opinião é semelhante a de André Melik, que também reside no bairro. “Velho, são dias e mais dias de agonia. É um sufoco! Então, acredito que a Boca do Rio talvez seja uma boa opção. Divide. Fica o mais pesado lá”, sugeriu, 

Em entrevista nesta quarta-feira (8/6), o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington, disse que há boas chances de o Carnaval em 2023 ganhar uma nova cara. “De fato, é uma possibilidade real. A gente tem, na Barra, uma oportunidade de rever. Um carnaval mais intimista, com fanfarras. Precisamos estar abertos e pensar no que é melhor para a cidade”, afirmou. 

Ele não acredita que a quebra da tradição possa interferir na aceitação do público. “Não creio. A gente sempre está pensando em melhorar o carnaval. As tradições servem para ser quebradas, sobretudo, se for para melhorar todo o ecossistema do Carnaval”, concluiu.

Do outro lado, na Boca do Rio, opiniões divididas. Adriano Severo é eletricista e mora no bairro há 3 anos. Para ele, é uma boa ideia. “Aqui é mais aberto, né. Talvez fique mais organizado. Não ligo para o barulho, não. Barulho tem em todo lugar”, brincou. 

Já Valter Ferreira é comerciante e não gostaria de ter que deixar de trabalhar por causa da festa. “Eu trabalho com bombas de água. Pense aí… Se eu parar 5, 6 dias. Como eu vou me sustentar? Como vou atender meus clientes? Não concordo e não acho viável”, pontuou. 

Nesta quarta, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), não descartou a possibilidade de a transferência acontecer. "O conselho do Carnaval, provocado por um grupo de empresários do carnaval, ficou de apresentar um projeto à prefeitura para somente o circuito Barra-Ondina. Os demais permaneceriam da mesma forma que estão no carnaval até então, para a prefeitura avaliar a possibilidade de transferência", disse.

 

O Carnaval é uma das festas mais rentáveis de Salvador. São R$ 2 bilhões em movimentação, em média, a cada edição. Cada turista nacional chega a desembolsar R$ 5,1 mil para a folia e um estrangeiro gasta em torno de R$ 3,7 mil.

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