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‘Se tiver greve, não será a primeira e acredito que não será a última’, diz nova reitora da Uefs


 Amali Mussi, empossada na última terça-feira (16), fala sobre desafios, prioridades da gestão e empoderamento feminino

Com cerca de 10 mil estudantes e dois mil servidores, a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) está de cara nova. Pela primeira vez na história, duas mulheres ocupam ao mesmo tempo os cargos mais altos da instituição. Na terça-feira (16), as professoras Amali Mussi e Evanilda Carvalho foram empossadas como reitora e vice-reitora, respectivamente. Uma posse pública também vai ocorrer hoje (18), às 18h30, no Auditório Central da Uefs. “Isso reforça a importância que nós damos à valorização de gênero, à valorização da diversidade, à valorização de pessoas que têm competência independente de gênero, raça, cor”, disse a reitora.  

Junta com Eva, como ela carinhosamente chama a sua colega na disputa, elas formaram a chapa Mais Uefs, que venceu por mais de 70% a chapa Uefs de Todos, representada pelos professores Dagoberto Freitas e Ernesto Martinez.

“Você sabe que mulheres no poder ainda é uma questão muito recente. Então, pode ter até acontecido alguma situação de estranhamento, mas nós enfrentamos com muita tranquilidade”, contou.  

Com uma gestão com foco na assistência estudantil e num ambiente universitário mais humanizado, a reitora terá que enfrentar outros desafios, como o crescimento da interiorização do ensino superior e o reajuste salarial dos servidores. Isso sem deixar de lado as questões relacionadas a qualidade da instituição. “Se tiver [greve], não será a primeira e acredito que não será a última. Nós vamos lidar se a situação acontecer”, prometeu. Confira a entrevista completa:  


O que significa para vocês e para a Uefs ter, pela primeira vez na história, duas mulheres ocupando os cargos de reitora e vice-reitora ao mesmo tempo?  

Ter uma chapa constituída por duas mulheres para a reitoria demonstra uma trajetória que a instituição já vem reforçando, que é a importância do empoderamento das mulheres, principalmente em cargos de chefia. Na gestão anterior, nós já tínhamos um grande número de gestoras mulheres nas pró-reitorias. E sair os nomes de Amali e Eva representando o coletivo, primeiro que não foi algo de Amali e Eva, não foi o coletivo que nos convidou para representá-los... mas isso também reforça a importância que nós damos à valorização de gênero, à valorização da diversidade, à valorização de pessoas que têm competência independente de gênero, raça, cor e tudo mais.  


Você considera ter enfrentado uma eleição difícil?  

Foram duas chapas. Eu e Eva numa chapa e os professores Dagoberto e Ernesto na Chapa 2. Você sabe que mulheres no poder ainda é uma questão muito recente. Então, pode ter até acontecido alguma situação de estranhamento, mas nós enfrentamos com muita tranquilidade, porque nós temos clareza do projeto que nós estamos defendendo, muita firmeza, acreditamos plenamente no projeto e a comunidade respondeu nas urnas. Foram mais de 70% dos votos. Por aí a gente observa que houve sim uma aceitação plena da comunidade nos nomes de Amali e Eva.  


Quais são os principais focos da sua gestão?  

Primeiro, a valorização das pessoas em todas as suas categorias: estudantes, técnicos, docentes, terceirizados... nós queremos investir bastante na melhoria da forma de entrada e de permanência na universidade, nas condições de trabalho dos nossos servidores, num ambiente mais humanizado, de relações mais humanas. Saímos agora de uma pandemia onde o isolamento foi muito grande e nós queremos muito fortalecer as relações. E investir muito em cultura, em esporte, em questões que dizem respeito à saúde da pessoa. Que viver na universidade seja um ato de conhecimento, de construção, mas que também seja um ato prazeroso.  


A assistência estudantil também é um foco da gestão? De que modo?  


Sim. Nós queremos ampliar as formas de permanência do estudante na universidade. É a nossa prioridade. Para isso, nós vamos fazer vários tipos de projetos na área de lazer, na área de cultura, na área de acompanhamento psicopedagógico também na formação de professores, na formação de técnicos para que a gente evite qualquer situação que seja de assédio, de racismo, qualquer tipo de violência que afaste ainda mais. Esse não é o nosso desejo. O nosso desejo é o convívio respeitoso, convívio para o crescimento harmonioso e que traga benefícios para toda a sociedade.  


Historicamente, a Uefs tem importância na interiorização do ensino superior na Bahia. Há projetos para ampliação de novos cursos?  

A Uefs está presente em 15 territórios dos 27 existentes no estado da Bahia. Então, realmente, nós trabalhamos na interiorização. Nosso desejo é ampliar sim a quantidade de cursos. Precisamos, para isso, também ampliar as condições de quadro de vagas de nossos docentes. Nós precisamos ter um corpo docente especializado para trabalhar nisso. Tem cursos que estão sendo estudados nos departamentos para serem oferecidos. Nos últimos anos, nós crescemos muito a pós-graduação. Criamos muitos cursos de pós-graduação e, agora, nós vamos voltar a implementar novamente cursos de graduação. É a graduação que alimenta a pós.  

Recentemente, o Estado enviou para a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) o projeto já aprovado com reajuste linear de 4% para os servidores públicos. O valor do reajuste foi criticado por sindicalistas. Entre os servidores da Uefs, isso também aconteceu? Como a comunidade está reagindo a esse cenário?  

Ontem houve uma audiência pública na Alba sobre isso. E as quatro universidades estaduais, não só professores, mas também técnicos e estudantes têm colocado a importância da negociação, da mesa, têm conversado com os políticos. Eles estão nesse processo de diálogo e negociação.  

Sindicatos que representam diversas categorias do funcionalismo público baiano já deram indícios de uma greve geral. Há essa possibilidade na Uefs? E como a reitoria pretende lidar com um cenário do tipo?  


Olha, eu não tenho conhecimento dessa informação. Esse é o primeiro ponto. Mas se tiver [greve], não será a primeira e acredito que não será a última. Nós vamos lidar se a situação acontecer, mas nesse momento nós não temos nenhuma informação a esse respeito.  

No último Ranking Universitário Folha (RUF), realizado em 2019 e interrompido por causa da pandemia, a Uefs estava na posição 58 do ranking nacional e era considerada a segunda melhor universidade da Bahia, atrás apenas da Ufba, que é a 14ª melhor universidade de todo país segundo o mesmo índice. O que a Uefs pretende fazer para melhorar essa posição?   

Cada ranking tem critérios diferenciados e são realizados com perfis de avaliação diferentes. Nós vamos seguindo a nossa linha, independente de qual seja o ranking. Sempre vamos buscar melhorar a excelência e o empenho na pesquisa, no ensino e na extensão. Sempre vamos buscar a excelência no sentido de garantir que a universidade se mantenha popular, pública, democrática e, com certeza, indo por esse caminho, qualquer que seja o índice ou o critério de avaliação, eu tenho certeza de que nós sempre estaremos bem avaliados.  

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