Foto: Recipiente de entorpecentes | Arquivo Pessoal
Reportagem do Aratu On teve acesso a um dos produtos vendidos na Gamboa, na região da avenida Contorno
Preço, identidade visual e até lacres de segurança para garantir que o ‘produto’ chegue ao cliente intacto são características comuns adotadas em estabelecimentos comerciais. Saindo do formal para o informal – ou seria melhor dizer ilegal? – , o tráfico de drogas em Salvador passou a aderir a padronização típica das prateleiras para atrair ainda os ‘clientes’.
A reportagem do Aratu On teve acesso a um desses produtos, vendido na Gamboa, na região da avenida Contorno. Trata-se de uma embalagem contendo cerca de 1,5g de cocaína, estampada com a marca da facção Comando Vermelho (CV), que domina a área e é rival do Bonde do Maluco (BDM).
Embora simples e amadora, a embalagem exibe elementos de identidade bem definidos: um urso segurando uma bandeira vermelha, símbolo da facção carioca, acompanhado do número 50, como referência ao preço.
O produto ainda traz um raio, em alusão à gíria ‘dar um raio’, usada por consumidores da droga. Segundo um comprador da droga, que preferiu o anonimato, essa padronização foi colocada em prática recentemente. “Tem um tempo, aproximadamente um mês. Eu só vi esse tipo de embalagem, que tem o raio”, disse.
Rótulo de cocaína da facção Comando Vermelho | Foto: Arquivo Pessoal |
A mercadoria também carrega o slogan ‘Gestão Inteligente’, que sugere uma forma de demarcar território e de organização da facção na comunidade da Gamboa.
Outros produtos podem não apresentar símbolos facilmente associados ao Comando Vermelho, mas a mensagem é clara para quem conhece o ambiente. Como diz o ditado, “para bom entendedor, meia palavra basta”: rótulos como um pino de cocaína vermelho, por exemplo, deixam evidente o domínio do grupo na região.
Pino de cocaína vermelho | Foto: Arquivo Pessoal |