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| Por Joab Vitorino – Bereu News | Fotos: Reprodução / Agência Brasil |
A terça-feira, 28 de outubro de 2025, ficou marcada na história da segurança pública brasileira. A megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, deixou 119 mortos, número que supera o massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, em São Paulo, com 111 mortes. A ação foi confirmada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública como a mais letal já registrada no país.
Entre os alvos da operação, 17 suspeitos baianos foram identificados por envolvimento com o Comando Vermelho (CV). De acordo com as forças de segurança, 16 foram presos e um morreu durante os confrontos. O baiano Júlio Souza Silva, natural de Salvador, foi um dos apontados como integrante da facção. No local onde ele foi encontrado, os agentes apreenderam um fuzil calibre 5.56 com a bandeira da Bahia estampada e nove motocicletas.

Por Joab Vitorino – Bereu News | Fotos: Reprodução / Agência Brasil
A operação mais sangrenta do Brasil
Batizada de Operação Contenção, a ação mobilizou cerca de 2.500 policiais civis e militares, com o objetivo de desarticular lideranças do tráfico e conter o avanço do Comando Vermelho nas comunidades cariocas. Foram cumpridos mandados de prisão e busca, resultando na prisão de 113 suspeitos e apreensão de 118 armas.
No entanto, a operação também deixou um rastro de destruição e medo. Moradores relataram cenas de violência extrema, incluindo decapitações, invasões de casas e uso de spray de pimenta contra crianças. Dezenas de corpos foram retirados por familiares e levados até a Praça São Lucas, na Penha, onde manifestações denunciaram o que muitos chamaram de “chacina do Alemão”.
“Teve corpo com cabeça arrancada, perna cortada. Parece que eles são treinados para subir na comunidade e matar negro pobre”, desabafou uma moradora que ajudou a recolher corpos na mata da Serra da Misericórdia.
O “Muro do Bope” e o cerco aos criminosos
Durante coletiva, o secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, explicou que a estratégia usada foi o chamado “Muro do Bope” — uma ação coordenada em que policiais avançaram pela serra para empurrar criminosos em direção a equipes de elite posicionadas na mata.
A operação superou outras grandes ações já conhecidas pela letalidade, como a do Jacarezinho (2021), com 28 mortos, e a da Vila Cruzeiro (2022), com 24 vítimas.
Governo comemora, moradores lamentam
Enquanto familiares choravam diante de dezenas de corpos, o governador Cláudio Castro (PL) classificou a operação como um “sucesso”.
“O Rio de Janeiro deu um grande golpe na criminalidade. Essa operação é um marco. Marca o início da retomada do Rio”, afirmou Castro em entrevista.
A fala do governador gerou revolta nas comunidades, onde moradores organizaram protestos e buzinaços. Faixas e cartazes denunciavam o número de mortos e pediam respeito às vidas perdidas.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que o governo federal acompanhará o caso e destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou “estarrecido” com o número de vítimas. O Ministério deve avaliar se a operação foi compatível com os princípios do Estado Democrático de Direito.
17 baianos entre os alvos
Além de Júlio Souza Silva, outros 16 baianos foram presos durante a megaoperação. A maioria deles é natural de Salvador e cidades da Região Metropolitana. Todos têm histórico de envolvimento com o tráfico e com o Comando Vermelho.
Confira a lista dos baianos presos:
- Alan Barbosa Fonseca
- Anailton Conceição dos Santos
- Armando Santos de Jesus
- Carlos Anderson Mattos Conceição
- Carlos Henrique Souza dos Santos
- Danilo Ferreira do Amor Divino
- Diogo Garcez Santo Silva
- Fábio Francisco Santana Sales
- Felipe de Jesus do Rosário
- Felipe Neves da Silva
- Lucas Santos Barbosa
- Marlon Niza dos Santos Júnior
- Pedro Henrique Mascarenhas
- Robert da Silva de Jesus
- Rauflan Santos Costa
- William Pinheiro Moura
Com 119 mortes, a Operação Contenção entra para a história como a ação policial mais letal do Brasil, reacendendo o debate sobre o uso da força, a segurança pública e o custo humano da guerra contra o crime.
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